quarta-feira, 14 de março de 2012

A Educação de Pernambuco: o que realmente parou.


Paralisamos para dizer ao governador que acreditamos em nosso trabalho. Não temos formação débil, não tememos ameaças, somos profissionais de uma categoria corajosa e consciente da importância da contribuição que damos, para a formação cidadã de milhares de pessoas. Lamentavelmente, a imprensa repete o argumento maldoso e cínico: "dois milhões de alunos da rede pública ficam sem aula". Então, vamos completar o mote: milhares de estudantes da Rede Pública de Pernambuco estão, anos letivos seguidos, sem quadra de esportes(que é uma sala de aula), sem laboratórios, sem coordenadores de biblioteca, sem água potável, sem segurança, sem professores concursados(pq é mais barato explorar os contratados, mesmo com a arrecadação batendo recordes), sem cobertura da imprensa nos seus projetos(pq a imprensa 'adora' tragédia nas escolas, e até torce por isso), sem repasses estaduais atualizados para manutenção da rede física(se não fossem os projetos federais seria um caos). Enfim, se alguém lê este texto de modo isento, pode chegar à conclusão do óbvio: o prejuízo se acumula a cada duzentos dias letivos, por ano. Mas, aí, eles acham que ninguém percebe. Como são ordinários! 


sexta-feira, 9 de março de 2012

A educação no século da malvadez neoliberal


Estou próximo de completar 20 anos na educação pública de PE, como concursado. Há mais tempo estou na rede, desde 1986, como estagiário e temporário. Em todo esse período, nunca vi situações adversas à categoria semelhantes às atuais: fusão arbitrária de turmas, extinção de turnos, fechamento de escolas, expulsão literal de professores concursados de suas unidades, controle dos cargos de gestores através de nomeações "pró-tempore" descaradas, antidemocráticas. Um golpe! Assédio moral contra professores indefesos, um sindicato assimilado pelo poder oficial.;"apartheit" dentro das escolas, com merendas diferenciadas para estudantes e salários desiguais no magistério para o mesmo cargo. Uma política de rede burocrática, amparada em uma concepção de meritocracia pretensiosa que em nada contribui para o desenvolvimento efetivo da escola pública, muito menos para uma pedagogia freireana de inclusão social e valores humanísticos, integrais também, porquanto não contempla o corpo saudável, através da prática sistemática do desporto oficial. Nem quadra temos para isso! Um escândalo.
A conquista que ora vislumbramos, através de um sindicato específico de professores, é um sonho ousado e um brado de revolta contra esse 'status'. Chega de opressão e descaso com os nossos direitos. Somos formadores de opinião, não ficaremos a reboque de nenhuma ideologia fatalista contrária a nossa felicidade.  No mínimo, queremos uma voz forte que grite por nós. Uma ação corajosa em nossa defesa, um jurídico atuante que defenda as nossas questões contra o governo. Enfim, sonhamos com uma escola livre, sem a opressão que tem marcado drasticamente nossa vida na profissão que abraçamos. Não aceitamos, em hipótese alguma, a legitimação da culpa repassada a nós professores, por mazelas  recorrentes deste sistema cruel. Na verdade, os tecnocratas nos impõem suas ideias antipedagógicas e ainda lucram muito sobre o nosso sofrimento. "Ai de nós educadores, se deixarmos de sonhar sonhos possíveis..."  Um fraterno abraço!
Prof. Laércio Gomes