segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Suape na visão de um homem de negócios




Caminhos tortuosos de Suape

Foi um dia daqueles que você tem a sensação de que a hora de voltar para casa não vai chegar nunca. Trabalhei o que pude...
Mas, não foi o trabalho que me esgotou, porque fazendo o que gosto, não fico cansado. Difícil mesmo, foi amargar horas e horas nos conturbados trânsitos da cidade e das estradas. Imagine que gastei uma hora para fazer um trajeto de, no máximo, quinze minutos, entre minha casa e o escritório. Nem fui almoçar em casa para não perder tempo. Inventei um almoço reunião, para adiantar as coisas. Mas, a tarde foi cruel. Tive que ir, com alguns empresários, a uma solenidade de abertura de um mega-evento técnico internacional, num resort de Porto de Galinhas.
Olhe, Seu minino, você nem pode imaginar o que aconteceu. Logo na saída da cidade, após o Aeroporto do Recife (que fica dentro da cidade) dei de cara com o maior engarrafamento. Ônibus, caminhões, carretas, carros, carrinhos e carrões empacados. Mais que depressa recomendamos ao motorista para arranjar um retorno e pegar a saída pela Reserva do Paiva. Conseguimos. Até lá, navegamos em imensos alagamentos e caímos em descumunais crateras, em Jaboatão dos Guararapes. Atingir o acesso à citada Reserva pareceu ser um alivio. Ali, só trafega quem paga pedágio. Saindo de lá, demos de cara com outra zona de buracos, lamaçais, alagamentos e coisas parecidas. Parecia que havia ocorrido um tsunami, que Deus nos livre! O caminho estava em petição de miséria, como diria minha finada mãe. Aos trancos, barrancos e solavancos, alcançamos a PE-60, rodovia que dá acesso ao Porto de Suape e aos balneários do litoral Sul. Embora não acreditássemos, já havíamos perdido mais de 90 minutos, no trânsito. Parecia mentira. Em CNTP (condições normais de temperatura e pressão) não teria sido mais de 30. Continuando e alcançando a entrada do Complexo Portuário, avistamos uma imensa carreta esborrachada (quer dizer: afundada, atolada, lascada...) num buraco imenso no centro de um canteiro de obras rodoviárias inacabadas. O sujeito deve ter perdido a direção e jogou aquele monstro veículo no buracaço que se abriu aos olhos dele. Imagino o susto dele e de quem apreciou. Dali em diante, o transito engrossou, novamente. Mas, para encurtar a história, chegamos ao destino depois de, aproximandamente, três horas de sacrifício. Teve autoridade estadual que chegou depois que a solenidade foi encerrada. E, eu achei foi pouco...
No recinto, repleto, inclusive, de técnicos estrangeiros, já se encontrava o Governador do Estado, que, por sorte e benesses do cargo – é justo – se deslocou do Palácio até Porto de Galinhas num veloz helicóptero. É justo, como frisei, mas é lamentável. Dessa vez, somente dessa, ele devia ter escolhido a via terrestre. Ele precisava ver a miséria que nós vimos. Imagino que ele vai ser poupado e vai terminar sem saber o estado do Estado (governo) e do Pernambuco que governa.
Terminada a solenidade – secundada pelo ameno e belo concerto dos Meninos do Coque – tratamos de bater retirada, o quanto antes, para nos livrarmos do transito.
Voltamos pelo caminho de dentro, PE-60 e periferia da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Quando eu pensava que já havia visto o pior na ida, fiquei incrédulo e indignado ao ver que o trecho de rodovia que vai do Portal de Suape até o seu inicio na entrada da cidade do Cabo, era incomparavelmente desastroso. Simplesmente, deixou de existir. Trafegamos como se numa estrada carroçável, daquelas bem brabas, que afrouxa parafusos e porcas de carros, fura pneus, quebra suspensão, arranca escapamento e sai lascando tudo. Uma estrada do tipo "sonrisal", isto é, aquela que numa invernada chuvosa se dissolve de modo efervescente. Foi um sufoco atravessar aquele trecho. Por cima disso, um trânsito pesado, embora fosse mais de oito horas da noite. Gastamos mais duas horas de estrada! Isto é, também, Custo Brasil. Faça as contas: 1 + 3 + 2 = 6 horas perdidas. Pode uma coisa dessas?
Agora, me diga mesmo: como responder as indagações de um aspirante a investidor em Suape? Hoje mesmo, eu sei que uma Comitiva de italianos andou por lá, visitando e conhecendo o Estaleiro Atlântico Sul e as obras da Refinaria. Querem investir aqui, em parcerias com empresários locais. Faço idéia da decepção.
Empresário amigo, que fez o mesmo trajeto dessa tarde/noite, está preocupado com a visita que vai receber, na próxima quinta feira, de um industrial holandês, que pretende montar um negócio em Suape. Conhecendo a Holanda e sua invejável infra-estrutura, como eu conheço, não tive dúvidas e aconselhei-o colocar o visitante num helicóptero e levar até Suape, voando pelo litoral e escondendo a bagunça em terra.
Conclusão: não dá para trabalhar assim, não. Como promover um Pernambuco desestruturado logisticamente? O Porto de Suape é bom, mas tente chegar lá com tranqüilidade. São caminhos tortuosos.

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